Uma mãe de três crianças, solteira, miserável e desesperada para proteger seus filhos, está presa há quase seis anos pelo furto de quatro pacotes de fraldas avaliados em irrisórios R$ 120,00. E, no que depender do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, ela continuará atrás das grades por mais um bom tempo.
Mendonça é aquele mesmo que chegou outro dia à Corte mais alta de justiça do país pelas mãos do então presidente Jair Bolsonaro (PL), apresentando como principal credencial para o cargo, a sua pretensa condição de “terrivelmente evangélico”.
No dia 6 passado, porém, ele não apenas negou o pedido de soltura (Habeas Corpus 225.706) da mulher, impetrado pela Defensoria Pública de Minas Gerais, deixando transparecer toda a sua insensibilidade social. Fez questão ignorar o princípio de insignificância, recurso jurídico facilmente aplicável nesses casos, em função do pouco valor do objeto furtado, e, ainda por cima, jogou às favas os ensinamentos do evangelho, abrindo margem para duvidar se ele realmente leu o evangelho algum dia. E, no caso de ter lido, se entendeu o que nele está escrito.
O furto das fraldas ocorreu em 2017, numa das unidades das Lojas Americanas, que, diga-se, teve os R$ 120,00 devidamente restituídos logo depois. Um espanto!