Trata-se da 1ª queda da taxa em 3 anos; espera-se que o ciclo de corte nos juros básicos da economia tenha vindo para ficar

Após torturar o país com os juros mais altos do mundo, BC decide, enfim, reduzir a Selic

Redução da taxa que serve de referência para o mercado chega com atraso, mas ainda assim é um alívio. Foto: Agência Brasil

Após torturar os brasileiros durante um ano com os juros mais altos do mundo, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), finalmente decidiu reduzir a taxa Selic, indicador que serve de referência para a economia. Com o corte anunciado no começo da noite desta quarta-feira (3), o indicador passa dos estratosféricos 13,75% ao ano para 13,25% ao ano, redução de 0,50 ponto percentual.

O patamar ainda é considerado alto, tendo em vista a melhora de outros indicadores, principalmente os dados da inflação, cujo índice tem diminuído, demonstrando que ela está sob controle. Há também uma melhora nítida na expectativa dos agentes econômicos com o desempenho da economia e do crescimento do país para este primeiro ano do governo Lula.

Desde que assumiu o governo, o presidente Lula tem sido um crítico da política de juros executada pelo BC. De mãos atadas para resolver o problema, que impede o país de crescer, gerando empregos e renda, Lula, já via espaço para acontecer esse corte há pelo menos três meses. Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, valendo-se da condição de autonomia da instituição para definir essa operação, foi contra todas as evidências de melhora da economia e resistiu até onde pode para manter os juros elevados, levando à asfixia empresas e trabalhadores, que sofreram com o encarecimento do crédito no país.

Nota

Em nota o Copom informou que “entende que essa decisão (de reduzir a taxa em 0,50 pontos percentuais) é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

O Copom considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião “em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”.

“A nota prossegue afirmando que “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

E que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

O Comitê ressaltou ainda que “a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Votação

A decisão de reduzir os juros não unânime entre os nove membros do Copom, que inclui Campos Neto. Assim, votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual o próprio Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Já os demais integrantes do Copom, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes votaram por uma redução mais conservadora, de 0,25 ponto percentual.

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