Os painéis de LED da Arena MRV, de propriedade do Galo, têm exibido, a exemplo de outros estádios, anúncios indesejáveis e pra lá de polêmicos. A esmagadora maioria deles tem a ver com as perversas casas de apostas, as famosas “bets” – empresas que vendem ilusões para atrair e explorar incautos.
Uma vez capturados, eles entregam as suas economias, o dinheiro de seus salários e aposentadorias para, depois, se verem afogados em dívidas impagáveis.
Apostar virou uma epidemia no país. Uma doença que tem crescido de maneira descontrolada e exponencial, ao ponto de destruir famílias, multiplicar casos de transtornos psíquicos e impactar a economia brasileira.
Mas, voltemos ao fato que chamou a atenção durante a partida na Arena MRV, entre o dono da casa e o Bragantino no domingo (22). Em jogo transmitido pela TV Globo, um outro anúncio, que não os de apostas, se destacou.
Ele expôs com letras garrafais o nome “fatal model”. Qualquer curioso que acessasse essa página na internet, veria logo que se tratava de um site de acompanhantes, especializado em pornografia. Muita pornografia.
Um site que oferece serviços sexuais prestados por mulheres, homens, travestis e trans, em troca de dinheiro. Todos aptos a praticar as mais variadas e inimagináveis modalidades sexuais, de forma a satisfazer os seus clientes.
Moralismos à parte, o fato é que a propaganda estampada nas placas da Arena MRV, foi veiculada pela TV Globo em plena tarde de domingo.
Em horário “livre”, que é quando milhares de crianças e adolescentes poderiam estar em suas casas, assistindo inocentemente pelo tevê o jogo do seu time do coração. E, muito provavelmente, por curiosidade ou mesmo indução, serem levados a acessar a página do site em questão.
Anúncios
Anúncios de sites ou agências de acompanhantes não são novidades. Eles já circulam há um bom tempo, mas já foram bem mais discretos.
No caso da “fatal model”, eles estão presentes em outros jogos da Série A do Campeonato Brasileiro. E até mesmo nos uniformes de alguns times da Série B, como o Vitória e a Ponte Preta.
Além desses dois clubes, o site de prostituição patrocina os campeonatos Carioca e Gaúcho e está presente também outros esportes, como o vôlei.
O problema é que os donos do site, os administradores do estádio, os clubes de futebol, a CBF, a TV Globo, não observam o horário que o anúncio está sendo veiculado. Não se preocupam onde ele vai aparecer, na casa de quem e para quem. Não estão nem aí para a imensa massa de meninos e meninas que certamente será atingida.
No domingo, por exemplo, 25 mil pessoas estavam na Arena MRV. É possível que a maioria (formada não apenas por adultos) tenha sido impactada pelo anúncio. E, em casa, quantos milhares, incluindo principalmente, crianças e adolescentes, terão visto a publicidade pela televisão?
Denúncia
Na semana passada, o ICL Notícias denunciou absurdo semelhante ocorrido no estádio Nilton Santos, durante jogo do Botafogo.
A denúncia surtiu efeito, já que nesta segunda-feira (23), o Ministério da Justiça notificou a administração do Engenhão por veicular tal propaganda.
Vamos aguardar os desdobramentos e ver o que acontecerá por lá.
Aguardemos também o que poderá suceder em relação ao campo do Galo.
Ou será que o Ministério da Justiça, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG); a Coordenadoria da Política dos Direitos da Criança e dos Adolescentes, do governo mineiro; a TV Globo; a MRV (dona do Naming Rights do estádio do Galo) e o próprio Clube Atlético Mineiro, não têm o que dizer a respeito?