Se as perspectivas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de escapar de uma eventual condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e evitar a sua inelegibilidade, já não eram das melhores, elas pioraram muito nesta quinta-feira (22), quando logo na abertura dos trabalhos naquela Corte, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, leu o resumo do seu relatório, apontando os crimes eleitorais cometidos pelo ex-mandatário e incluindo no processo a chamada “minuta do golpe”.
A partir daí a situação de Bolsonaro passou a caminhar para um beco sem saída e piorou ainda mais quando entrou em cena o Ministério Público Eleitoral (MPE), representado pelo vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, que fez coro com Gonçalves.
Branco defendeu que Bolsonaro fique inelegível por ter aproveitado reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para atacar as urnas eletrônicas e questionar, sem provas, a higidez do sistema eleitoral. Esse, aliás, o motivo do julgamento, provocado por ação movida pelo PDT, que atinge também o general Braga Netto, candidato a vice na chapa que visava a reeleição de Bolsonaro. Depois falaram os advogados do PDT e de Bolsonaro.
Julgamento suspenso
Nessa altura, o julgamento foi suspenso por determinação do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, e deverá ser retomado na próxima terça-feira (27). A princípio Moraes reservou a terça e a quinta-feira (29) para dar prosseguimento aos trabalhos, não descartando também aproveitar a quarta-feira (26), se achar necessário para concluir o julgamento antes do dia 1º de julho, quando terá início as férias dos magistrados.
Votos
O ministro relator Benedito Gonçalves será o primeiro a votar na sessão marcada para o dia 27/6. Os outros cinco ministros que integram a Corte eleitoral – Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques, Raul Araújo Filho, e André Ramos – votarão em seguida, desde que nenhum deles peça vistas ao processo. Caso isso aconteça, o julgamento poderá ser interrompido por até 60 dias. Por ora, a tendência é que Bolsonaro e Braga Netto sejam condenados e percam seus direitos políticos pelos próximos oito anos.