Local do ataque é o mesmo onde o cacique Merong, do povo pataxó hã-hã-hãe, foi encontrado morto no começo deste mês

Comunidade indígena Kamakã Mongoió sofre atentado a tiros em MG

Merong morreu lutando pela Retomada Kamakã Mongoió, área que é disputada pela Vale. Foto: Cimi/Samuel Macedo

A comunidade indígena Kamakã Mongoió, de Brumadinho (MG), foi alvo de um atentado a tiros na tarde de sexta-feira passada (15/3). Ao menos 12 tiros foram disparados contra o território, mas não houve feridos.

O território é o mesmo onde o cacique Merong (Wallace Santos Souza), do povo pataxó hã-hã-hãe, foi encontrado morto no começo deste mês. Merong lutava pela Retomada Kamakã Mongoió, de uma área que era ocupada pela Fazenda Córrego de Areias, e que é reivindicada pela Vale. A Policia Federal (PF) investiga a morte do cacique e a possibilidade de ele ter sido assassinado.

A denúncia do ataque ocorrido na sexta-feira, foi feita neste sábado (16), por meio de nota divulgada pelo Frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), e pelo ativista indígena Shirley Krenak.

Segundo a nota, em torno de 12 tiros foram disparados na direção da cachoeira que foi batizada com o nome do cacique Merong. No momento do atentado, os integrantes da comunidade e apoiadores da causa indígena realizavam uma reunião no local.

Na nota, Shirley Krenak lembra que na próxima terça-feira (19) acontecerá uma audiência na Justiça Federal para tratar do processo que a Vale move contra a Retomada Kamaka Mongóio.

A mineradora disputa a propriedade da terra e chegou a mover um ação para que o corpo do cacique Merong fosse proibido de ser enterrado no território considerado sagrado pelos indígenas.

“Será terrorismo psicológico para abalar ainda mais a comunidade que já sofre luto brutal com a morte do Cacique Merong? Quem deu as rajadas de tiros? Quem mandou? Isto é mais um indício de que o Cacique Merong foi assassinado após muitas ameaças?”, questiona.

Segundo ele, o cacique Rogério (irmão do Cacique Merong) e toda a comunidade Kamaka Mongóio estão alarmados com a violência que está atingindo o território. “Eles pedem socorro e atenção das autoridades. “Exigimos proteção eficaz da Polícia Federal”, afirma Shirley Krenak na nota.

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