O cantor, compositor e letrista Lô Borges saiu de cena aos 73 anos, na noite chuvosa deste domingo (2/11), em Belo Horizonte, sua terra natal. Ele lutou contra uma intoxicação provocada por medicamentos ao longo das duas últimas semanas, mas não resistiu.
Ao lado dos companheiros de “travessia” Milton Nascimento, Fernando Brant, Beto Guedes, Márcio Borges e de outros grandes poetas e compositores mineiros, ele foi um dos fundadores no começo dos anos de 1970, do Clube da Esquina, um dos principais movimentos da Música Popular Brasileira (MPB).
Influenciados pelos Beatles, Lô Borges e a turma do Clube da Esquina, renovaram a música brasileira.
Fundiram o rock, com o jazz e misturaram o resultado com a bossa nova. Criaram um ritmo inovador, recheado com harmonias sofisticadas e letras pra lá de poéticas.
Cantaram o amor, a natureza, o cotidiano e, sutilmente, passavam o recado contra a opressão que sufocava o Brasil dos anos 70. Funcionaram como um respiro em meio ao tempos bicudos da ditadura militar.
Tudo isso, sem perder a ternura e a sua principal referência: as montanhas de Minas Gerais. De onde ecoa os cantos lamuriosos dos escravizados nas minas de ouro e diamante, tão presentes no cancioneiro mineiro e expressados de maneira arrebatadora pela voz inigualável, sensível, potente e magistral de Milton Nascimento.
Em uma de suas canções mais famosas “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, feita em parceria com Milton Nascimento, Lô eternizou uma quase súplica: Se eu morrer, não chora, não. É só a Lua”
Difícil atender a tal apelo, mesmo vindo de um poeta.
Lô marcou sua época e vai deixar saudades.


