Encerrada a polêmica em torno da Filarmônica, é preciso virar a página e voltar o olhar para a situação de penúria em que se encontra a sua congênere, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG).
Ela é mantida pela Fundação Clóvis Salgado (FCS) e integra o corpo artístico do Palácio das Artes, ao lado de dois outros ícones da cultura mineira: o Coral Lírico e a a Cia. de Dança, ambos igualmente sucateados.
A Sinfônica é Patrimônio Histórico e Cultural de Minas Gerais, reconhecida pela crítica profissional e pelo público de um modo geral, como uma orquestra de excelência.
Contudo, apesar da sua trajetória vitoriosa, construída ao longo de quase meio século, a OSMG não tem recebido do governo de Minas Gerais, o tratamento que realmente merece, à altura da sua competência e história.
Ao contrário do que acontece com a Filarmônica, para a qual não faltam recursos generosos do Estado, a OSMG vive à míngua, jogada à própria sorte.
O fato de Minas Gerais reunir duas das melhores orquestras do país é, obviamente, um grande privilégio. Ambas são excelentes no que se propõe a fazer e merecem ser tratadas da melhor maneira possível pelo Estado, pois uma não exclui a outra.
O que não pode ocorrer é o governo, por falta de visão estratégica e de sensibilidade social e cultural, opor uma à outra. Manter uma delas sucateada, como se fosse uma orquestra de segunda categoria, com seus músicos recebendo salários bem inferiores aos recebidos pelos colegas da Filarmônica.
Lamentavelmente, é isso o que vem acontecendo com a OSMG, vitima de uma crise fabricada pela visão míope do governo de Romeu Zema (Novo), que demonstra não ter o menor interesse em resolver o problema.
Um governo que não tem no horizonte dos próximos dois anos, nenhum plano para atender os anseios de melhorias salarial e de carreira da Orquestra.
Com isso, para assegurar a sua sobrevivência, manter a qualidade e o alto nível da Orquestra, a Sinfônica vai se virando como pode e com o que tem de sobra: o talento, a dedicação e a garra dos seus regentes e músicos.
Defender a Sinfônica é defender a Cultura
Diante dessa conjuntura desfavorável, colocar a Sinfônica na pauta é uma questão urgente, que passa pela defesa da própria cultura mineira.
Por tudo o que já ela fez pelo estado, a OSMG não merece passar por essa situação de desrespeito e pouco caso.
Assegurar que a Filarmônica siga na sua trajetória vitoriosa, com todo o apoio e benefícios conquistados, é um imperativo.
Mas não permitir que a Sinfônica acabe (e arraste com ela, o Coral Lírico e a Cia. de Dança), também é uma obrigação.
2 respostas
É urgente que essa situação seja resolvida. Talento e esforço devem ser reconhecidos independentemente do local onde se apresentem. São patrimônios do nosso Estado e, sua preservação e aprimoramento dependem do olhar sensível de quem nos representa. É isso o que espera o povo de Minas!!!
Boa ideia.
Este governo trata a cultura aos pontapés e teremos de lutar.