O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) chamou a atenção nesta sexta-feira (9) para o agravamento da situação de fome que atinge as populações de países da África Ocidental e Central.
O quadro dramático que está levando milhões de pessoas a níveis emergenciais de fome resulta, principalmente, de conflitos persistentes, deslocamentos, deterioração econômica e condições climáticas extremas recorrentes naquelas regiões.
O PMA estima que há mais de 36 milhões de pessoas lutando atualmente para atender as suas necessidades básicas de alimentação e nutrição.
Número que poderá aumentar para 52 milhões nos próximos três meses, quando ocorre a temporada de escassez de junho a agosto de 2025, incluindo quase 3 milhões em condições de emergência e 2,6 milhões pessoas no Mali em risco de enfrentar fome catastrófica.
Deslocamentos forçados
O conflito implacável deslocou à força mais de 10 milhões dos mais vulneráveis em toda a região, incluindo 2,4 milhões de refugiados e requerentes de asilo, no Chade, Camarões, Mauritânia e Níger.
Quase 8 milhões de outros foram deslocados internamente, principalmente na Nigéria e em Camarões. Muitos foram privados de seus meios de subsistência, fugindo de fazendas e pastagens em busca de comida e abrigo.
Inflação de alimentos
A inflação dos alimentos, agravada pelo aumento dos custos de alimentos e combustíveis, está elevando os níveis de fome da crise a novos patamares em Gana, Guiné e Costa do Marfim.
Os preços dos alimentos continuam subindo na Nigéria, Chade, Níger e Camarões, deixando alimentos nutritivos fora do alcance dos mais vulneráveis.
Eventos climáticos
Enquanto isso, eventos climáticos extremos recorrentes, particularmente no Sahel Central, na Bacia do Lago Chade e na República Centro-Africana, prejudicam a capacidade das famílias de se alimentarem. Só em 2024, inundações afetaram mais de seis milhões de pessoas em toda a região.
Faltam recursos
Ainda segundo o PMA, embora as necessidades humanitárias estejam em níveis historicamente altos, os recursos para montar uma resposta eficaz em larga escala não estão acompanhando o ritmo.
“Estamos em um ponto crítico e milhões de vidas estão em jogo”, afirmou Margot van der Velden, Diretora Regional do PMA para a África Ocidental e Central.
“Sem financiamento imediato, o PMA será forçado a reduzir ainda mais o número de pessoas atendidas e o tamanho das rações alimentares distribuídas. As consequências são devastadoras: comunidades já em crise, muitas foram forçadas a vender seus últimos recursos e pular refeições, arriscando consequências de longo prazo para sua saúde e vida.”
(*) Com informações do PMA/ONU