Crime ambiental: Negociações com mineradoras se arrastaram por quase 10 anos

STF homologa acordo de R$ 170 bi para reparar danos causados pela tragédia de Mariana

Rompimento de barragem de rejeitos de minério da Samarco. Foto: Agência Brasil causou o maior desastre ambiental do país

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, por unanimidade, nesta quarta-feira (6), a homologação do acordo para reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de minério de Fundão, em Mariana (MG). O acordo, no valor de R$ 170 bilhões, se arrastou por quase uma década.

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o valor pactuado (para ações de reparação e compensação) é “significativo e faz deste um dos maiores acordos ambientais da história, possivelmente o maior”.

Do montante total, R$ 100 bilhões serão repassados aos entes públicos – União, estados de Minas Gerais e Espírito Santo e municípios que aderirem ao acordo.

O dinheiro será destinado a projetos ambientais e socioeconômicos, incluindo programas de transferência de renda.

Outros R$ 32 bilhões serão direcionados para recuperação de áreas degradadas, remoção de sedimentos, reassentamento de comunidades e pagamento de indenizações às pessoas atingidas, que serão realizados pela Samarco.

Os R$ 38 milhões restantes já foram gastos antes do acordo em ações de reparação dos danos.

Famílias

Famílias atingidas pelo desastre ambiental reclamavam maior participação na costura do acordo. Já as mineradoras responsáveis – Samarco Mineração S/A e as suas duas controladoras (Vale e BHP Billiton) – pediam a homologação imediata.

Segundo Barroso, o acordo resultou de mediação conduzida em ambiente qualificado, que garantiu a livre manifestação das partes e o amplo acesso à informação. “Todas as partes estavam bem representadas e eram legitimadas a transigir sobre os mecanismos de reparação e compensação de danos visados”, afirmou.

O acordo prevê cláusulas específicas das pessoas atingidas e dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais. Quanto às pessoas atingidas, a adesão ao acordo é facultativa e voluntária.

Para os povos indígenas, quilombolas e tradicionais, haverá um processo de consulta direcionado, conduzido pela União, que definirá as regras para a indenização. Em ambos os casos, está prevista a continuidade das medidas e programas atualmente vigentes.

As indenizações individuais previstas são de R$ 35 mil, como regra geral, e R$ 95 mil para os pescadores e agricultores. Para povos indígenas, comunidades quilombolas e outras comunidades tradicionais serão destinados R$ 8 bilhões.

A ação foi apresentada pela União; pelos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo; pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelos Ministérios Públicos dos dois estados; pela Defensoria Pública da União e pelas Defensorias estaduais; pela Samarco Mineração S/A e pelas duas empresas que a controlam (Vale e BHP Billiton).

A mediação do acordo foi conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6).

Desastre ambiental

O rompimento da barragem de rejeitos de minério em Mariana, ocorrido em 2015, provocou o maior desastre ambiental do país, com a destruição de áreas de preservação e vegetação nativa de Mata Atlântica, perda da biodiversidade, além da degradação ambiental na bacia do rio Doce e no oceano Atlântico.

A tragédia resultou na morte de 19 pessoas e afetou mais de 40 municípios, três reservas indígenas e milhares de pessoas. Também afetou o modo de vida das comunidades prejudicando as atividades econômicas da região.

(*) Com informações do STF

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