Acredite se quiser, mas o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, afirma ter feito um favor ao país, comprando com o seu próprio dinheiro, o polêmico Rolex cravejado de diamantes que o seu cliente, ainda à frente a presidência da República, recebeu de presente das autoridades da Arábia Saudita e, que, posteriormente, no apagar das luzes de seu governo, o vendeu, ilegalmente, para uma joalheria em Miami, no Estados Unidos.
Avaliado em cerca de R$ 350 mil, Wassef diz ter usado ‘dinheiro vivo’ para efetuar a compra e que sua intenção seria devolver o Rolex, subtraído do patrimônio público, à União. Já a grana viva, segundo ele, serviu para obter um desconto junto ao vendedor.
Venda ilegal
De acordo com investigações da Policia Federal (PF), a venda do Rolex foi feita ilegalmente pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid. Apesar de atuar na defesa do ex-presidente, Wassef nega ter adquirido o Rolex por ordem de seu cliente ou a pedido de Mauro Cid.
“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha, não fiz a pedido de Bolsonaro nem de Mauro Cid e não foi uma recompra, porque eu nunca vi esse relógio antes. Eu fiz um favor para o governo brasileiro que me deve R$ 300 mil. E fiz o relógio chegar ao governo”, afirmou.
Escândalo
O caso do desvio do kit de joias já havia ganhado contornos de escândalo, quando a PF apreendeu um conjunto de joias em uma operação realizada em agosto do ano passado. Já em 15 de março deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu prazo de cinco dias úteis a Bolsonaro para que o relógio fosse entregue junto com os outros itens que pertenciam ao mesmo kit e que deveriam ter sido incorporados ao acervo público da presidência da República.
Personagem sinistro
Agora com a entrada em cena de Wassef, um personagem sinistro, que ganhou má fama por ter escondido em seu sítio, o suspeitíssimo Fabrício Queiroz, ligado à família Bolsonaro, quando ele se encontrava foragido da Justiça, o imbroglio envolvendo o sumiço das joias fica ainda mais confuso.
Ao ponto de Wassef se arvorar em ser uma espécie de benemérito da nação, anunciando aos quatro cantos ter se tornado credor do governo brasileiro, que lhe “deve” a quantia de R$ 300 mil, referente à compra do relógio.
Será que essa sua aparição, não seria simplesmente vontade de tumultuar o caso ou de lançar uma cortina de fumaça para esconder possíveis novas revelações de corrupção envolvendo seu cliente? Ou, quem sabe, seria mera expressão de cinismo ou ainda, tão somente, uma tremenda cara de pau?
(*) Com informações da Agência Brasil
