A cultura brasileira perdeu hoje (6/7) um dos seus mais importantes, ousados e icônicos personagens – o ator e diretor teatral, José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, dramaturgo revolucionário, pra lá de irreverente, que reinventou o teatro e foi um incansável guerreiro na luta contra a ditadura e a censura. Teve como principal bandeira a transformação da realidade social brasileira através da arte e da alegria.
Morto nesta quinta-feira, aos 86 anos, Zé Celso foi vítima de um trágico incêndio que atingiu o apartamento onde morava em São Paulo.
Além de um enorme legado, ele deixa em aberto ao menos dois grandes projetos: a adaptação para o teatro do livro “A Queda do Céu”, do indígena Davi Kopenawa, e o sonho, que não conseguiu realizar em vida, de assegurar definitivamente o espaço do Teatro Oficina como um local de resistência, para a formação de novos atores e exibição da arte cênica.
Para isso, lutou como um Dom Quixote dos trópicos até o fim da sua vida. Os alvos principais dessa sua batalha foram a especulação imobiliária, centrada sobretudo na figura de Silvio Santos, apresentador de tevê, empresário e dono do espaço onde funciona o Teatro Oficina na capital paulista, além do estado autoritário. Com a nova peça, ele esperava inaugurar o Parque Teatro Rio do Bexiga.