Para a ministra Rosa Weber, esse é um dos temas jurídicos “mais sensíveis e delicados” que a Corte enfrentará

STF: descriminalização do aborto deve ser julgada ainda neste mês

Para o Psol, autor da ação, a criminalização do aborto viola diversos princípios fundamentais. Foto: Agência Brasil

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, liberou nesta terça-feira (12), para entrar em pauta ainda neste mês, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que busca descriminalizar o aborto.

Ajuizada pelo Psol, a ADPF 442 questiona e pede a anulação dos artigos  124 e 126 do Código Penal, que criminalizam a interrupção voluntária da gravidez nas primeiras 12 semanas de gestação. O partido alega que determinar a prisão da mulher que faz um aborto ilegal e do médico que realizou o procedimento até o 3º mês de gestação, viola diversos princípios fundamentais.

Para o autor da ação, os dispositivos questionados ferem princípios constitucionais como a dignidade da pessoa humana, a cidadania, a não discriminação, a inviolabilidade da vida, a liberdade, a igualdade, a proibição de tortura ou o tratamento desumano e degradante, a saúde e o planejamento familiar das mulheres e os direitos sexuais e reprodutivos.

Tema sensível

No mês de agosto, o STF promoveu audiência pública para discutir o assunto, considerado pela presidente da Corte um dos temas jurídicos “mais sensíveis e delicados”, por envolver razões de ordem ética, moral, religiosa e de saúde pública e a tutela de direitos fundamentais individuais.

Mais de 40 representantes dos diversos setores envolvidos na questão, entre especialistas, instituições e organizações nacionais e internacionais, contribuíram para as discussões fornecendo informações.

Entre outros, participaram representantes do Ministério da Saúde, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), da Academia Nacional de Medicina, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Conselho Federal de Psicologia e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Pesquisa

A Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) realizada em 2021 mostrou que uma em cada sete mulheres, com idade próxima aos 40 anos, já fez pelo menos um aborto no Brasil.

O levantamento indicou que mais da metade (52%) do total de mulheres que abortou tinham 19 anos de idade ou menos, quando fizeram seu primeiro aborto. Deste contingente (abaixo de 19 anos), 46% eram adolescentes entre 16 e 19 anos e 6%, meninas entre 12 e 14 anos. 


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