Denúncia de senador não para em pé, mas agrava situação de Bolsonaro

A denúncia feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), de que teria sido “coagido” pelo então presidente Jair Bolsonaro, com a ajuda do então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), para participar de um golpe de estado no Brasil, está cheia de furos, mas agrava a situação de Bolsonaro.


Ao longo do dia ele deu diversas entrevistas, todas cheias de idas e vindas. Em cada uma delas contou uma história diferente, recuando do que havia dito numa live feita na madrugada de ontem para hoje para seu grupo de seguidores e na entrevista que concedeu à revista Veja.


Diante da grande repercussão da denúncia, a sua estratégia passou a ser, principalmente, a de minimizar a presença de Bolsonaro na cena do crime, na qual ele mesmo se encarregou de jogar o ex-presidente. A cena teria sido no Alvorada ou na Granja do Torto (ele não soube precisar em qual desses dois locais aconteceu o encontro), onde lhe foi proposto grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


O golpe consistiria em incriminar Moraes, possibilitando a intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), seguida da decretação de estado de sítio, que culminaria no impedimento da posse de Lula.

Em uma de suas muitas falas nesta quinta-feira, Marcos do Val, deixou, porém, a impressão de que toda a sua “denúncia-bomba” não passa de uma grande cortina de fumaça, visando criar um clima de indignação na sociedade e no meio político para facilitar a abertura de uma CPI no Senado destinada a investigar os atentados terroristas do 8 de janeiro.

Ao final, tudo não passaria de mais uma tentativa tabajara da extrema-direita, que ele representa, de tentar o golpe de Estado e de jogar no colo do governo Lula, especialmente do ministro da Justiça, Flávio Dino, a responsabilidade pelo que aconteceu no 8 de janeiro, a quem do Val, sem provas, acusa de “prevaricação.”

O problema para ele é que ao confirmar que Bolsonaro participou da negociação do golpe, mesmo que tenha ficado “calado” durante a conversa com Silveira, mostra que o ex-presidente teria concordado com o teor do que se discutia à sua frente e que sendo assim, ele (Bolsonaro) é quem teria não só prevaricado, mas incorrido em outros crimes como o de grampear um ministro Supremo e o de atentar contra a democracia.

O senador criou ainda sérios problemas para o GSI, comandado à época pelo general Heleno, o único órgão no país detentor de uma tecnologia sofisticada capaz de gravar alguém remotamente e que iria promover e oficializar o grampo.

Marcos do Val ainda seria ouvido nesta quinta-feira pela Polícia Federal (PF). Vamos aguardar para ver qual será a versão da vez.

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