A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), como é sabido, já tem 41 vereadores, número, convenhamos, mais do que suficiente para tocar os trabalhos do legislativo de BH. Mas, para espanto geral, andam querendo criar mais duas vagas, elevando para 43 a quantidade de parlamentares na cidade.
Caso se pergunte aos que pagam a conta dos salários e o custo que esses parlamentares representam para seus bolsos, alguém teria alguma dúvida sobre qual seria a resposta deles sobre essa medida? Sem correr risco de errar, muito provavelmente, eles diriam não a ela.
Afinal, a quem interessa essa aprovação feita a toque de caixa? Um movimento, no mínimo, inoportuno, tendo em vista a crise econômica que atravessa país, onde o crescimento da fome e da miséria assombra a todos. E é justamente diante de uma conjuntura dessas que se quer por mais despesas para os cofres municipais, aumentando a sangria de dinheiro público na capital em mais R$ 2,5 milhões por ano.
A justificativa dada pelo presidente da CMBH, Gabriel Azevedo (sem partido), que voltou a colocar o projeto em pauta nesta segunda-feira (15), foi bastante singela e burocrática: “uma adequação do legislativo da capital mineira à Constituição, levando em conta o (suposto) crescimento da população de BH”.
Que beleza. Azevedo parece desconhecer que há um Censo populacional em curso e que, até onde se sabe, ao contrário da expectativa, os dados do IBGE coletados até agora, estariam apontando para uma diminuição geral do número de brasileiros, no qual, obviamente, os belo-horizontinos estão incluídos.
Como se vê um justificativa própria de burocratas que não fazem contas, não se preocupam com o desperdício financeiro que tal medida representa para uma cidade tão carente de melhorias como Belo Horizonte.
Uma capital que parou no tempo, que não consegue resolver problemas nada singelos como os que afetam a população de rua, os sem-teto, o transporte coletivo, a violência nas esquinas, a falta de manutenção dos seus equipamentos públicos e outras inúmeras mazelas.
Não seria prudente, portanto, que o presidente da Câmara aguardasse ao menos o resultado do Censo, já que pedir uma consulta pública sobre esse tema, pode soar como um insulto?
(*) Em votação na tarde desta segunda-feira (15), a CMBH aprovou em 2º turno, por unanimidade, a Proposta de Emenda à Lei Orgânica, que aumenta de 41 para 43 o número de vereadores em BH. Como dito no texto acima, a medida foi aprovada antes mesmo da divulgação definitiva do Censo 2022, prevista para ocorrer no próximo mês.
Foto: Karoline Barreto/CMBH
2 respostas
O que me espanta é que nenhuma fonte de defesa da sociedade tenha entrado com uma medida judicial para impedir isso. A sociedade brasileira está completamente anestesiada
Muito bem lembrado. Onde estão, por exemplo, o Ministério Público de MG, o Tribunal de Contas, a OAB-MG, as entidades sindicais?