Alheia às inúmeras falcatruas e suspeitas de crimes que envolvem o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) confirmou, em sessão nesta quarta-feira (23), a concessão do título de cidadão mineiro ao ex-mandatário.
A autoria da homenagem é do governador Romeu Zema (Novo), que sancionou a outorga em 2019. O mais provável é que a solenidade ocorra na próxima segunda-feira (28).
Dos 77 deputados que compõem a Assembleia mineira, ao menos 26 parlamentares, de 11 partidos (PL, Republicanos, PP, Avante, Novo, PSD, PSC, União Brasil, MDB, Solidariedade e PDT), abraçaram a causa e se mobilizaram para colocá-la na pauta.
A pressa deles e de Zema de entregar o título é compreensível, pois não há ninguém que esteja medianamente informado, que ignore o fato de que Bolsonaro pode ser preso a qualquer momento. Ex-ministros do STF, juristas, jornalistas que acompanham as entranhas da poder, políticos das mais diversas orientações ideológicas, inclusive os mais próximos do ex-presidente, são praticamente unânimes em apontar essa possibilidade,
Afinal, motivos não faltam para tirar Bolsonaro de circulação. Sem mencionar a sua gestão criminosa durante a pandemia do Coronavirus, quando morreram mais de 700 mil brasileiros, pesa contra o ex-mandatário a suspeição de ter cometido diversos tipos de crimes.
A relação é longa. Mas só para ficar nos casos mais recentes, eles dão conta de que o ex-presidente teria promovido ataques sistemáticos contra a democracia, tentado fraudar as eleições, articulado um golpe de estado, espalhado fake news, além de ter cometido crimes de corrupção, como o da venda ilegal das joias sauditas, que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio público da União.
Diante de tanta bandalheira, seria de se esperar, não de Zema, um bolsonarista convicto, mas da ALMG, que ela refletisse melhor sobre a oportunidade dessa homenagem. Se agisse assim, ela pouparia os mineiros de passarem pelo enorme constrangimento de serem expostos a um vexame nacional.
Ao mesmo tempo, economizaria o sagrado dinheiro dos contribuintes, que a duras penas mantêm o atual governador e aquela casa legislativa, incluindo a boa vida de suas excelências, financiadas por salários generosos e pouco condizentes com a realidade da maioria da população que as sustenta.
