Ao priorizar o aumento do número de vereadores, Câmara de BH ignora os problemas reais da população

A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), como se viu nesta semana, aprovou a toque de caixa, o aumento de seus vereadores, de 41 para 43, isso, bem antes de o IBGE divulgar o número oficial da população da capital mineira, previsto para acontecer somente no mês que vem, quando, espera-se, for concluído o novo Censo populacional. Mesmo assim, os parlamentares não tiveram dúvida de que a cidade já conta com mais de 2,4 milhões de habitantes, número que a Constituição Federal, obedecendo o critério da proporcionalidade, estabelece para que novas vagas sejam criadas.

Pode até ser que o novo Censo confirme o crescimento da população. Mas, independentemente disso, teria sido mais produtivo e ético, do ponto de vista dos eleitores, se os vereadores aguardassem alguns dias a mais e fossem dar uma volta pela cidade, para verificar in loco o nível de insegurança que seus habitantes vivem, e de degradação e abandono em que o município se encontra.

A quantidade de pessoas morando nas ruas é recorde. Nunca, nos 124 anos de existência de BH, se viu tanta gente desamparada pelo Poder municipal. São centenas de famílias vivendo debaixo de viadutos, marquises, dormindo em caixas de papelão, lonas ou barracas.

Caso essa visão aterrorizadora não sensibilizasse os nobres vereadores, antes que eles votassem e aprovassem esse novo projeto (que entrará em vigor já nas eleições do ano que vem), eles poderiam também ter examinado o estado em que se encontra a maioria dos equipamentos públicos da cidade, dos seus principais cartões postais como o Parque Municipal, a Lagoa da Pampulha, a Praça do Papa, do seu cemitério municipal, de suas ruas e avenidas.

Sugestão

A sugestão é que o passeio fosse feito nos ônibus que servem a população. Assim else sentiriam o transtorno que é utilizar seu transporte público, correr para pegar diariamente um desses ônibus e chegar amassado e suado (e muitas vezes assediado) no seu local e trabalho.

Seguramente, eles irão argumentar que apenas cumpriram a Constituição. E não estarão errados. Mas esperava-se que eles tivessem em mente que essa mesma Constituição em que se basearam, assegura também moradia digna para todos, com abastecimento de água e coleta de esgoto, e que o dinheiro do contribuinte seja bem gasto, de maneira justa e priorizando as necessidades básicas da população.

Agindo como agiram para criar as duas vagas, com uma velocidade invejável, deu para ver (e lamentar) qual é de fato a real prioridade dos vereadores de Belo Horizonte.

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