Na contramão dos alertas mundiais sobre o aquecimento do planeta, vereadores defendem poda indiscriminada

Apesar da onda de calor que vem aí, CMBH quer facilitar corte de árvores

Podas de árvores não podem ser feitas de maneira aleatória, por qualquer um e sem o devido conhecimento técnico Foto: Rodrigo Clemente / PBH

Uma onda de calor inédita deverá assolar boa parte do país nos próximos dias, incluindo Minas Gerais, que poderá registrar alarmantes 5 graus de aumento na temperatura, com máximas atingindo a casa dos 40 graus. Isso em pleno inverno.

Alheia a esse fenômeno adverso e na contramão dos alertas que vem sendo feitos em nível mundial, para os riscos das mudanças climáticas e do aquecimento global para a vida no planeta, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) está em vias de aprovar um projeto de lei (PL 517/2023), que autoriza que as podas de árvores possam ser feitas por qualquer pessoa, sem necessidade de requerimento ou autorização da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ou dos órgãos ambientais.

Ou seja, quem estiver incomodado com alguma árvore ou sentir que ela está atrapalhando a vida de pedestres ou mesmo o trânsito de carros em frente a sua residência, estará liberado para podá-la ou cortá-la na capital mineira, ainda que o PL estabeleça que os cortes sejam de “baixa complexidade”, e com o “intuito de remover galhos que prejudiquem o trânsito de pedestres”.

A permissão, nos termos do projeto, vale para a retirada de galhos com altura inferior a 2,5m, mas não faz nenhuma ressalva sobre os critérios ambientais que devem ser observados na hora de fazer as podas, como, por exemplo, a melhor época do ano, o tipo de espécie vegetal e o equilíbrio da árvore.

O PL que é assinado pelo vereador Braulio Lara (Novo) e outros 18 vereadores, já recebeu parecer favorável da Comissão de Administração Pública e encontra-se concluso em 2º turno. No Plenário, estará sujeito ao quórum de 21 parlamentares para ser aprovado.

A intenção de Lara é que o órgão público municipal competente possa “autorizar de forma automática o requerente (do corte ou poda), tornando o processo célere e desonerando o poder público municipal na execução dos serviços de baixa complexidade”.

Ex-Cidade Jardim

Apesar de nascido em Belo Horizonte, o vereador por ser novo, talvez desconheça que a cidade que ele representa, já foi conhecida no passado não muito remoto, como “Cidade Jardim”, devido, principalmente, à beleza e exuberância de sua arborização.

E em vez de propor projetos que tornem a cidade ainda mais inóspita, com um clima cada vez mais parecido com o de um deserto, ele bem que poderia, da próxima vez, apresentar propostas que resgatassem esse passado mais humano, agradável e ambientalmente desejável que BH teve um dia.

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