Presidente da Fundação renuncia após 53 dias no cargo; saída pode estar relacionada ao fim da entidade

Crise na Renova?

A Renova é bancada pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, responsáveis pela tragédia ocorrida em 2015, em Mariana

A Fundação Renova trocou novamente o seu principal executivo. Sai da presidência, o engenheiro Paulo Misk, que ficou menos de dois meses no cargo, e, entra, interinamente, Luiz Scavarda, atual diretor de Programas Ambientais e Socioeconômicos. A interinidade de Scavarda irá até que a Renova encontre no mercado, por meio de um processo seletivo, um substituto efetivo para o cargo.

O desligamento de Misk será na próxima quinta-feira (31/8), quando ele completará exatos 53 dias no cargo de comando. Oficialmente, a justificativa para a sua saída foi lacônica: ele renunciou ao cargo por motivos particulares.

Mas por trás da renúncia pode estar a provável extinção da entidade, após pouco mais de sete anos de sua criação – ocorrida para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em 2015, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana.

A tragédia matou 19 pessoas e destruiu o distrito inteiro, deixando centenas de moradores sem suas propriedades e sem suas fontes de renda, além de danos irreparáveis para o meio ambiente.

O fim gradual da Renova vem sendo discutido desde o governo Bolsonaro e agora está em análise pelo governo Lula. Há um entendimento de que a Fundação tem amarras de ordem burocrática e entraves financeiros, por ser mantida pelo pool de mineradoras responsáveis pelo desastre, a própria Samarco, e as suas proprietárias, as gigantes Vale e BHP Billiton.

Tragédia de Mariana

A Renova foi criada ainda no governo Dilma, em 2016, após a tragédia sócio-econômica-ambiental causada pela Samarco, em novembro de 2015, e foi fruto de uma pressão da União, estados, municípios, defensorias públicas e do Poder Judiciário, impactados pelo desastre.

O objetivo da sua criação era minimizar o mais rapidamente possível, os danos causados pelo rompimento da barragem, pagando indenizações, reassentando moradores e reconstruindo o distrito. Até hoje, passados quase oito anos da tragédia, boa parte dos moradores ainda não receberam suas casas de volta e o passivo econômico e ambiental, de um modo geral, está longe de ser quitado.

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