Enquanto o governador mineiro Romeu Zema (Novo) vira a cara para o presidente Lula e despreza parcerias com a União que poderiam tirar Minas Gerais do atraso em que se encontra, seu colega paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), espertamente negocia com o petista e sela acordo bilionário para São Paulo.
Além de governarem dois grandes estados, Zema e Tarcísio têm em comum o fato de serem ambos bolsonaristas. O governador paulista não é, portanto, um bom exemplo de político a ser seguido. A começar pela sua afinidade com o ex-presidente, o inelegível Jair Bolsonaro, e com o campo da extrema-direita.
Longe disso. Mas, pode-se dizer que, no quesito “como governar um estado e atrair recursos para ele, mesmo sendo oposição ao governo federal”, Tarcísio tem dado de goleada no mineiro.
A primeira lição que Zema deveria aprender com ele aconteceu nesta terça-feira (30), quando o presidente Lula e o governador de São Paulo, negociaram e tiraram do papel, o projeto do túnel Santos-Guarujá, integrando a Baixada Santista, obra que não ficará em menos de R$ 6 bilhões.
Ou seja, se quiser atrair obras pesadas e caras de infraestrutura, e outros grandes investimentos, capazes de induzir o desenvolvimento do estado e a melhoria da vida de sua gente, Zema deverá baixar a crista. Deixar de lado a arrogância e a divergência ideológica com o presidente e negociar os interesses de Minas, de maneira adulta e responsável, como esperam os seus eleitores e a maioria do povo mineiro.
Acordo com SP vai além
O acordo entre a União e São Paulo não para no túnel. Além da obra no litoral paulista, os dois trataram do trem de alta velocidade que vai ligar as cidades de São Paulo e Campinas, e discutiram a implantação de novos Institutos Federais no estado de São Paulo.
O presidente irá a Santos (SP) nesta sexta-feira (2) onde detalhará o obra e anunciará novas parcerias com o governo de São Paulo.
Lula em Minas
Está prevista também uma ida de Lula a Minas Gerais no próximo dia 8/2. Será a primeira viagem do presidente ao estado desde que tomou posse há um ano.
Espera-se que até lá Zema tenha aprendido a lição. De novo: baixar a crista, esquecer as divergências políticas e trabalhar em prol dos interesses mineiros.
Agindo assim, talvez ele consiga se colocar no jogo e assegurar para o estado ao menos a ampliação do metrô da capital, que em seu governo não avançou nem um palmo, duplicar as rodovias 040 e 381, que seguem matando dezenas de pessoas todos os anos, atrair alguma grande indústria, centros de ensino ou até mesmo renegociar a dívida estadual, que ele próprio se encarregou de aumentá-la para casa da centena de bilhão durante o seu governo.
Que ele seja capaz, enfim, de amarrar qualquer projeto que melhore a vida dos mineiros e de seu estado, hoje condenados ao atraso e à falta de perspectivas.
