Após repercussão negativa entidade cancela acordo entre o Sesi Minas e a Codemig para gerir a Sala MG

Fiemg deixa a cena da Filarmônica

De volta à estaca zero: Sala da Filarmônica segue nas mãos do governo estadual. Foto: Eugênio Sávio/Agência Minas

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, anunciou nesta terça-feira (16), o cancelamento do acordo firmado entre o Sesi Minas e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), para a gestão compartilhada da Sala Minas Gerais. O espaço abriga a sede da Orquestra Filarmônica mineira e pertence à Codemig.

A decisão põe fim à polêmica despertada no começo deste mês, quando houve a formalização do acordo, resultado de uma negociação nebulosa, levada a cabo sem as necessárias transparência e participações da sociedade civil e do próprio instituto cultural que administra a Filarmônica.

O fato de o negócio ter ficado restrito ao governo mineiro e à Fiemg pegou mal. A conduta levantou suspeitas de que estaria em curso uma ação entre amigos, e o receio de que a Sala Minas Gerais pudesse ter a sua finalidade desvirtuada.

As principais reações partiram dos meios cultural, político e do público da Filarmônica. A indignação geral cresceu ainda mais após os responsáveis pela orquestra afirmarem que foram excluídos do processo de negociação da sua própria sede.

Argumento que Roscoe rebateu, afirmando ter mantido entendimentos com o presidente do conselho da Filarmônica.

“Fomos procurados e entramos no projeto na perspectiva de ajudar. Segundo os relatórios da Filarmônica, há 130 dias vagos na sala Minas Gerais. Um espaço maravilhoso que é a Sala Minas Gerais, usada por um pequeno grupo, elite intelectual, econômica, que não tenho nada contra, mas que pode sim dialogar com outros movimentos culturais. Esta é a proposta que a Fiemg ia colocar na mesa. Pela primeira vez que vejo alguém ser rechaçado antes de apresentar a proposta”, explicou.

Versões

A Codemig, dona do prédio que abriga a sala com 1,5 mil lugares, afirma que o local está subutilizado. O acordo com a iniciativa privada tinha como objetivo ampliar o uso das instalações e reduzir as despesas dos cofres públicos, estimados em R$ 20 milhões/ano.

Já o instituto cultural que administra a Filarmônica afirma que não há ociosidade no espaço, pois o espaço é ocupado durante o ano todo com os ensaios e as apresentações da orquestra. Contudo, há um rombo financeiro que precisa ser equacionado.

A Fiemg propunha resolver a questão financeira turbinando a Sala Minas Gerais. Ela abriria o espaço para a manifestação de outras atividades artísticas, mas sem levar conta as especificidades do local, pensado e construído para servir exclusivamente a orquestras.

E agora?

Como o problema será conduzido daqui para a frente é uma incógnita. Nada foi dito até o momento pela Codemig, nem pela Filarmônica. Muito menos pela secretaria estadual de Cultura de um governo que, assim como a entidade com a qual iria dividir a gestão da Sala Minas Gerais, vê no aporte de recursos públicos para a Cultura um desperdício, e não um investimento.

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do Blog