O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aproveitou reunião com empresários na Associação Comercial de São Paulo nesta segunda-feira (6) para valorizar sua posição e mandar alguns recados bem diretos ao presidente Lula, deixando claro que, sem ele, o governo terá enormes dificuldades em avançar com seus programas sociais e econômicos.
Além de afirmar que o governo Lula não tem votos para aprovar projetos no Congresso, ele fez questão de dizer que, no que depender dele, a autonomia do Banco Central (BC) e a reforma trabalhista ficarão como estão.
“O governo ainda não tem uma maioria para discutir temas simples, quanto mais os de natureza constitucional”, disse.
Lira reprovou as críticas que vem sendo feitas à autonomia do BC, que, na opinião dele, geram instabilidade no mercado, e disse que as conquistas da Câmara obtidas nos últimos anos de votação não serão perdidas. “Vamos discutir avanços e não retrocessos em relação à reforma trabalhista, à Lei da Estatais, ao Banco Central independente”, afirmou.
O deputado não se esqueceu de puxar a brasa para o seu campo político e ao final, talvez saudoso do orçamento secreto (instrumento de recursos bilionários, utilizado largamente pelo ex-presidente Bolsonaro para a barganha política, destinada a assegurar maioria no Congresso), cometeu uma espécie de ato falho.
Ao dizer que a estabilidade do país depende dos partidos de centro, pois, na sua visão, esses diminuiriam a distância entre os extremos políticos, citou a Argentina como exemplo, por “não ter centro e por isso vive em crise”, e emendou afirmando que faz parte de um “centrão light” que, segundo ele, “não vende o apoio”. Será?
(crédito da foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)