A decisão do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de perdoar as multas milionárias aplicadas em São Paulo, às pessoas que transgrediram as medidas sanitárias impostas pela pandemia da Covid-19, além de ser um péssimo exemplo para a população, teve um objetivo muito claro: beneficiar o seu ex-chefe Jair Bolsonaro (PL).
Ao conceder a anistia ao ex-presidente, Tarcísio endossou a conduta negacionista e irresponsável de Bolsonaro, que se recusou a usar máscara, indicou remédios impróprios, desdenhou da doença e dos que morriam asfixiados. Um comportamento abominável e criminoso, que trouxe consequências funestas para o país.
Na ânsia de agradar o seu ex-chefe, de cujo governo ele foi ministro, Tarcísio acabou afrontando a maioria da população que, ao contrário do ex-presidente e seu séquito, seguiu à risca as recomendações das autoridades de saúde.
O seu gesto magnânimo fez com que o estado de São Paulo deixasse de arrecadar R$ 72 milhões em multas. Só a parte devida por Bolsonaro poderia gerar R$ 1 milhão para os cofres públicos.
Um dinheiro que poderia ser muito bem-vindo se aplicado, por exemplo, em campanhas educativas voltadas para a área da saúde.
Mas a decisão do governador cortou a oportunidade de oferecer o benefício pedagógico ao conjunto da população. Em vez disso, o ato de Tarcísio representou mais uma ofensa à memória dos mais de 700 mil brasileiros que morreram de Covid e aos seus milhões de familiares e amigos que ficaram enlutados.