Moradores de Antônio Pereira vivem novo pesadelo com riscos para o patrimônio cultural, religioso e ambiental

Mineração ameaça santuário em Ouro Preto

A gruta da Lapa, com o Santuário de Nossa Senhora, em Antônio Pereira, corre risco de desaparecer Foto: Ane Souz

Está em curso um processo de licenciamento ambiental para liberar a exploração de uma nova cava de minério de ferro em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto. O empreendimento Leão de Ferro Mineração Ltda prevê a movimentação de 300 mil toneladas de minério/ano e já recebeu a anuência da prefeitura ouro-pretana para prosseguir com os estudos técnicos e buscar a autorização para iniciar as operações.

Ambientalistas estão alertando para os riscos que essa nova lavra a céu aberto oferece para o meio ambiente e para as 5 mil pessoas que foram em Antônio Pereira.

Eles acionaram o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para tentar frear o processo, que, uma vez implementado, significará uma ameaça ao Santuário de Nossa Senhora da Lapa, instalado na gruta da Lapa, um dos principais patrimônios culturais e religiosos da região, e à própria população de Antônio Pereira, que há anos, vive assombrada pela possibilidade de rompimento da barragem do Doutor (em fase de descomissionamento) da mina Timbopeba, de propriedade da Vale.

O professor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) Daniel Neri, integrante da Frente de Luta dos Atingidos e Atingidas pela Mineração (Flama), estranhou a rapidez e a maneira com que a prefeitura de Ouro Preto concedeu a anuência para a Leão de Ferro.

Ela foi dada à revelia do Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (Codema) e sem consultar os moradores da comunidade.

“A Prefeitura de Ouro Preto deu um péssimo exemplo. Ela omitiu esse processo. Não deu publicidade ao fato e nem consultou ninguém. Deveria ter feito audiência pública (necessária para que o empreendedor apresentasse os relatórios de impactos e as medidas mitigatórias no curto, medio e longo prazos, permitindo que a população pudesse opinar sobre o empreendimento), mas não fez”.

“Ela passou por cima das próprias deliberações do município para avaliar a questão da ocupação do solo, do zoneamento urbano, dos danos ao patrimônio, como é o caso da gruta da Lapa (onde está o Santuário de Nossa Senhora da Lapa), que vai ser muito impactada pela mineração, se a sua implementação for aprovada”.

Impactos

Neri alerta ainda que o empreedimento poderá causar danos enormes e irreversíveis ao meio ambiente e impactos negativos para os 5 mil moradores de Antônio Pereira e os milhares de devotos de Mariana e de outras cidades vizinhas que frequentam a localidade.

Ele lembra que a comunidade de Antônio Pereira vive há anos com medo do rompimento da barragem da Vale e do deslocamento forçado.

Ela sofre ainda com a poluição do ar causada por nuvens de poeira e com poluição sonora devido às atividades da mineradora.

“Esse quadro poderá piorar ainda mais com as explosões para buscar o minério e pelo aumento do trânsito de carretas na localidade que já é enorme”.

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