Na CPMI, o oficial do Exército Mauro Cid não abriu a boca, mas ao aparecer fardado disse a que veio

O silêncio eloquente do coronel

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro entrou mudo e saiu calado da sessão, mas passou o seu recado. Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência da República, foi à Comissão Mista Parlamentar de Inquérito que investiga os Atos Golpista nesta terça-feira (11) e, diante dos questionamentos feitos pelos parlamentares, não abriu a boca. Entrou mudo e saiu calado da audiência. Mas, ao desfilar com a farda completa do Exército Brasileiro no palco da CPMI, conseguiu passar o seu recado, dizendo, subliminarmente, a que veio.

Mauro Cid foi expressamente autorizado pelo Comando do Exército a comparecer à sessão devidamente fardado, passando a impressão de que ali estava não apenas o ex-faz-tudo de Bolsonaro, mas a própria instituição militar que, através dele, se fazia representar.

Curiosamente, há cerca de 15 dias, outro oficial do Exército, o coronel de artilharia Jean Lawand Júnior, também prestou depoimento à mesma CPMI. Só que, ao contrário de Mauro Cid, o comando militar o proibiu terminantemente de usar a farda.

Cid compareceu perante a Comissão munido de um habeas corpus, instrumento que garantiu o seu direito de ficar calado e, assim, não produzir provas contra si próprio. No entanto, ao usar o seu tempo de fala no início da sessão, chegou a dizer que nunca teve nenhuma ingerência em demandas encaminhadas a ele pelo presidente e seu entorno, acrescentando que, no trabalho de ajudante de ordens, não tinha qualquer poder de decisão. 

O coronel Cid está preso numa unidade militar desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Ele responde a vários outros inquéritos, incluindo o que se refere à sua possível participação na articulação golpista e na invasão das sedes dos Poderes da República, em Brasília.

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