Ampliar a arborização, destapar os rios, trocar o asfalto por pedras são medidas que amenizam o calor

Onda de calor deve servir de aprendizado

Enquanto os rios da capital mineira não voltam a fazer parte paisagem, a PBH deveria espalhar fontes pela cidade Foto/Reprodução TV Globo

Belo Horizonte registrou na tarde desta segunda-feira (25/9) o dia mais quente de toda a sua história: 38,6°C – a temperatura mais alta já medida na capital mineira desde 1961, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer as suas medições.

Apesar de todo o desconforto e riscos para a saúde que o calor excessivo, associado à baixa umidade do ar, gera na população, é importante que esse fenômeno não seja esquecido com o início da estação chuvosa que já se avizinha, mas que ele sirva de aprendizado para todos.

Até porque, os alertas de aquecimento global, como o próprio nome indica, dizem que ele irá afetar negativamente a todos no planeta, inclusive BH, que já pode começar a fazer o seu dever de casa e ir se preparando para conviver com dias cada vez mais quentes.

O aprendizado com a onda de calor atual, portanto, deve levar em conta a valorização e o aumento da arborização urbana, de forma a despertar nas autoridades e nos moradores da capital, a consciência para a necessidade de se buscar a ampliação das manchas verdes nas praças, canteiros, ruas e avenidas daquela que um dia já ostentou o título de “Cidade Jardim”.

Lamentavelmente, ela perdeu o título a partir do momento que optou pelos cortes insanos e sucessivos de suas árvores. Também o descuido com a Serra do Curral e a entrega de parte desse monumento natural à sanha de mineradoras contribuem para alterar o seu clima e para afastá-la de tal denominação.

Mas para ter árvore é preciso ter água

Seria importante também que o clima hostil que vivemos hoje sirva para nos ensinar que uma cidade não pode prescindir de água. E, Belo Horizonte, como se sabe, optou, equivocadamente, por encobrir os leitos de seus rios e córregos, em vez de tratá-los.

Faltou inteligência política, visão administrativa, bem como uma campanha educativa que alertasse para a importância de preservá-los limpos, deixá-los à vista, para serem contemplados, admirados e, principalmente, servir a todos, como acontece nas grandes cidades do mundo.

Mas, se BH ou quem estava no Poder à época decidiu ir na contramão do mundo optando pelo atalho mais simples, de, literalmente, enterrar o problema para tentar sumir com ele, deveria ir se preparando, desde já, para voltar com seus cursos d’água, destapando-os e despoluindo-os.

Até lá, que tal ir investindo em fontes de água? Que tal espalhar o maior número possível delas pela cidade, inclusive as de água potável, para que elas possam não só ajudar a amenizar o calor e embelezar a cidade, deixando-a mais humana, como também servir a todos um bem que é fundamental para a vida, sobretudo, dos que não têm casa e que são obrigados a viver nas calçadas?

Menos asfalto, mais pedras

Outra política que se for modificada poderia ajudar muito nesse processo de humanização urbana é a do asfalto, que muitos entenderam ser sinônimo de desenvolvimento, mas que o tempo se encarregou de mostrar, passou rapidamente de solução para a circulação urbana, para ser um dos grandes vilões do meio ambiente.

A pavimentação asfáltica das ruas, como se sabe, impermeabiliza o solo, não deixa a terra respirar, impede a infiltração da água da chuva no seu interior e acaba facilitando a ocorrência das enchentes e das tragédias urbanas que as acompanham.

Começar a substituir o asfalto, que ainda por cima contribui para elevar as temperaturas, por um calçamento mais adequado, como pedras, também é uma medida que deveria ser para ontem.

É o que se espera de uma cidade que esteja antenada com seu tempo, preocupada com as mudanças climáticas e com a sua atual e futuras gerações. Ainda está em tempo de BH voltar a ser a “Cidade Amiga do Verde”. Bora começar?

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