A pesquisa Atlas divulgada nesta sexta-feira (31) sobre a megaoperação da Polícia Militar realizada no Rio Janeiro na terça-feira passada (28), contra o crime organizado, é reveladora de uma face assustadora e até então desconhecida da sociedade brasileira.
A ação policial resultou na maior chacina da história do país, com saldo macabro de 121 pessoas mortas e a notícia correu o mundo, tamanha a matança produzida pelo governo de Cláudio Castro (PL-RJ). O número de mortos pela PM, alguns com requintes de crueldade, em único dia, rivaliza com o apresentado por regiões conflagradas por guerras, seja em Gaza ou na Ucrânia.
E, apesar de mal-sucedida do ponto de vista operacional e estratégico, já que ela não alcançou os verdadeiros líderes do tráfico e nem irá acabar com o problema da violência que afeta o Rio de Janeiro, em especial, e a maior parte dos estados brasileiros, a ação policial parece ter sido aprovada pela maioria da população.
E é exatamente isso que a pesquisa da Atlas mostra: que a operação de resultados pra lá de duvidosos, conta com amplo apoio da população brasileira.
Principalmente, entre os cariocas.
De acordo com a pesquisa, 62,2% dos cariocas afirmam aprovar a ação das forças de segurança, enquanto 34,2% desaprovam.
Ao extrapolar a pesquisa para o resto do país, os entrevistadores detectaram que o apoio em nível nacional também é majoritário, ainda que em intensidade menor: 55,2% dos brasileiros aprovam a operação, contra 42,3% que a desaprovam.
Chama a atenção ainda a constatação de que o apoio é ainda mais expressivo entre os moradores de favelas.
Entre os cariocas que vivem em favelas, 87,6% apoiam a operação. Em moradores de favelas a nível nacional, o resultado também é elevado, com 80,9% favoráveis à operação.
A diferença percentual se reduz entre o restante da população: 55% dos cariocas apoiam a operação, contra 40,5% que desaprovam (14,5 pp de diferença). No país, os índices são de 51,8% de aprovação e 45,4% de desaprovação (6,3 pp de diferença).
O que leva alguém a aprovar a morte de 121 pessoas num único dia?
Falta de compaixão, desinformação? Ou mera expressão de ódio?
Que tipo de sociedade pode ser construída com base nesses preceitos?
O que esperar de uma sociedade que não dá chance à pessoa de se defender num tribunal e que opta pelo extermínio puro e simples.
Hoje foram 121 “bandidos” pertencentes a facção criminosa, como afirma sem pestanejar, muito menos lamentar, o governador Cláudio Castro, pelo visto, pouco interessado em pegar os chefões do crime.
Amanhã, qualquer um que more numa favela ou na periferia de algum grande centro.
Se tiver a credencial de preto e pobre, para obter o carimbo de bandido, não vai custar nada. Bastará o BO póstumo com o testemunho daquele que apertar o gatilho.



