Território indígena em Brumadinho onde deve ocorrer o enterro é disputado pela mineradora

Vale quer impedir sepultamento de Cacique

Cacique Merong foi encontrado morto na segunda-feira; há suspeitas de que ele tenha sido assasinado. Foto: Conafer

A Vale obteve liminar na justiça autorizando o envio de força policial para impedir que o corpo do cacique Merong Kamakã Mongoió (Wallace Santos Souza) seja enterrado no território indígena Retomada Kamakã Mongoió no Vale do Córrego de Areias, em Brumadinho.

O território está em disputa pela Vale. Segundo os indígenas, a mineradora ignora o direito deles àquela terra e opera para expulsá-los da região.

O corpo de Merong foi encontrado sem vida na segunda-feira (4/3). Há suspeitas de que ele tenha sido assassinado. A Polícia Federal (PF) entrou no caso para investigar a causa da morte.

Merong era a principal liderança do povo Kamakã Mongoió. Ele pertencia ao povo Pataxó-hã-hã-hãe, situado ao Sul da Bahia, e à sexta geração da família Kamakã Mongoió.

Reações

As deputadas Célia Xacriabá e Bella Gonçalves, ambas do PSOL-MG, reagiram nas redes sociais à tentativa de impedir o enterro de Merong:

“Negar o sepultamento ataca não só nossos direitos humanos fundamentais, mas também os direitos indígenas garantidos pela Constituição Brasileira e por pactos internacionais. É absurdo tentarem reprimir o luto da família de Merong”, escreveu a deputada Célia Xacriabá no “X” (ex-Twitter).

Segundo ela, já foi pedido à Polícia Federal para garantir a proteção territorial da comunidade Kamakã Mongoió durante o ritual de despedida a Merong. “Acionamos também o MPF que entrou com embargo de declaração à decisão pedindo o reconhecimento legítimo do direito de realizar o sepultamento de Merong conforme as nossas tradições”.

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