Páreo duro: um quer privatizar o metrô e a Sabesp; o outro se livrar da Cemig e da maior mina de nióbio do mundo

Zema e Tarcísio disputam para ver qual dos dois tem mais ojeriza às empresas públicas

Zema e Tarcísio brigam pelo espólio do ex-presidente que está incrustado na direita e na extrema-direita. Fotos:Sarah Torres / ALMG e Célio Messias / Governo SP

A disputa entre os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) para ver qual dos dois irá liderar a direita e a extrema-direita, no lugar de Jair Bolsonaro (PL), está só começando. Ambos sonham em presidir o país e governam seus estados com um olho nas eleições de 2026, e, com o outro, no espólio político do ex-presidente, tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Retrógrados e privatistas

Os projetos de poder que puseram em curso são semelhantes. Emoldurados por discursos retrógrados, tanto Zema quanto Tarcísio são adeptos do estado mínimo e de ações políticas que vão na contramão dos interesses sociais. A sanha privatista, característica presente em ambos, tem servido como atrativo para as camadas mais conservadoras do eleitorado, que abominam toda e qualquer proposta de mudança popular.

Enquanto Tarcísio quer privatizar o metrô da capital paulista e entregar a Sabesp (empresa de fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos), Zema quer se livrar das lucrativas e estratégicas Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), além da sua participação na maior mina de nióbio do mundo, localizada em Araxá.

Ojeriza

O governador de Minas não esconde que tem verdadeira ojeriza por empresas públicas e não perde uma oportunidade para falar mal das estatais mineiras, desvalorizando-as com suas opiniões. Ao mesmo tempo, defende as privatizações, como a única solução capaz de resolver todos os males do estado, incluindo o endividamento gigantesco em que ele se encontra.

Obsessão

Apesar da obsessão privatista que move os governadores dos dois maiores colégios eleitorais do país, a tarefa deles não será das mais fáceis, ainda que o objetivo agrade tanto ao mercado. Em São Paulo, Tarcísio teve uma amostra nesta semana. Ele enfrentou uma greve monstruosa dos metroviários contrários à privatização, que praticamente parou a capital e afetou a vida de quase 5 milhões de pessoas.

Apesar da paralisação, ele declarou que seguirá com o seu plano de vender as empresas paulistas. Contudo, deve ir se preparando para encarar outras greves, que virão, com certeza, ainda maiores, assim como os desgastes políticos decorrentes.

Dificuldades

Da mesma forma de seu colega de São Paulo, Zema segue com o seu projeto de agradar unicamente a turma do andar de cima. Mas enfrenta a oposição de sindicatos e da população de um modo geral. Para vender a Cemig, por exemplo, a Constituição estadual exige a realização de um plebiscito. Como teme um resultado contrário à sua pretensão, ele tem tentado mudar a lei, o que não é nada fácil. Ainda mais com a eleição do ano que vem já batendo à porta dos deputados, que terão que se justificar perante a população e os prefeitos de suas respectivas bases políticas.

Convencê-los de que as contas de luz e de água não vão aumentar e que os serviços ofertados ficarão melhores com as privatizações será um milagre. Nenhum deles vai querer correr o risco de perder seus apoiadores e a possibilidade de se reeleger.

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